29 de set. de 2008

Subindo Guias

A GUIA
Bike não é um carro nem uma moto, é sabido que a Bike desmontada iguala-se ao pedestre em direitos e deveres, sendo assim é o ‘veículo’ que mais se assemelha ao nosso andar a pé. Os caminhos, passagens e passeios por praças e até as polêmicas calçadas, são passíveis de uma subidinha daí, não podemos nos limitar a simplesmente pedalar nas ruas e esquecer de melhorar nossa técnica e tirar proveito que ela pode nos trazer.
O objetivo desse texto é colocar para as pessoas que já pedalam, a mulherada experiente ou não, a mulecada e todos que queiram aprimorar com segurança a dirigibilidade do bólido duplo-rodante de propulsão à feijão denominado Bike.
Vou falar da importância de subir a frente da Bike.

EMPINAR E SABER LEVANTAR A FRENTE É UMA DEFESA
O “grau” = empinar. Que para muitos é um tipo de exibição, dizem que beira o ridículo e coisa e tal, pasmem! Por trás dessa pecha existe talvez a salvação de uma possível queda ou pancada na dianteira que leve o(a) caboclo(a) e até o profissional beijar o chão.
Saiba que a traseira pode bater, a frente não!
A importância da puxada é para aliviar o peso da frente quando o obstáculo é eminente, quero dizer, sem tempo de desviar numa situação inesperada e com o peso do corpo todo nos braços e no guidão. O domínio da técnica nesse momento é importante, pois junto com o cansaço e nos últimos quilômetros do passeio ou trilha, você pegar um buraco de jeito, pode ser fatal. Essa técnica bem treinada, ajuda você a escapar desse imprevisto.
A minha intimidade com essa estripolia foi dos 12 aos 15-16 anos, eu ficava horas na marquise do Ibirapuera nos rolês dominicais tentando bater meus fracos recordes de pedaladas empinando, vi logo que não era minha praia, até mesmo pela minha estatura eu não me iludia.
A Bike era uma Crescent 10 – Monark, uma speedeira da época, com guidão de Ceci que já era uma ‘busca’ ao MTB. Eu prestava atenção nos detalhes, ficava tentando entender como faziam, zanzando pela marquise, todas as opções eram exaustivamente executadas, aprimorei as técnicas e percepções, onde tentativas e erros eram as formas e a ‘informação’ que dispúnhamos na época, internet, revistas, TV, amigos não rolavam...

A BIKE
A primeira atenção dada ao iniciar nessa técnica é quanto ao pneu da frente, se der tudo certo a roda pode ficar íntegra, se não, diminua o tamanho da guia indicada. Tudo em prol do avanço técnico.
Tire um dia para fazer esse treino, a Bike deve estar com a calibagem dos pneus um pouco a mais do que é usado comumente por você, 5 lbs a mais já bastam.
Escolha uma guia não tão alta nem tão baixa, 6 a 12cm e se a borda for arredondada, melhor.

Teoria
Imagine que o ‘tempo da puxada do guidão’ deve ser exatamente no momento em que a roda for encostar-se à calçada, mas como entender esse tempo?
Técnica
Vá com a Bike perpendicular (90°) em direção a guia, segure firme no guidão, e numa velocidade não superior à 2km/h (bem lento), bata de frente! Sim bata de frente na guia, não tem problema se você lembrar que sua velocidade não pode ser muita, é bem devagar mesmo. Repita uma vez, duas se tudo estiver indo bem. Repita mais uma um pouco mais forte.
Agora você já pode tentar acertar o momento da puxada, ainda não precisa acertar! Repita o passo anterior, só que no momento da batida, puxe o guidão! Perceba se bateu antes, dando uma bela cassetada na roda, ou se foi atrasado, kikando antes na guia. Entenda o que passou com a frente da Bike antes e depois da puxada.

SUBINDO A RODA DE TRÁS

Teoria
Depois da puxada a roda da frente está encima da guia, resta subir a roda de trás que é um movimento natural, com o próprio embalo da puxada, porém pode ser fatal para a roda traseira que sofre o impacto do peso do corpo todo.
A ‘manha’ é o jogo de corpo.
O peso do corpo para muitos é mais de 60% do peso da Bike, sendo assim imagine a influência que ele causa na Bike.
Técnica
Primeiramente precisa ter firmeza em ficar de pé na Bike, pois assim ocorre uma transferência de peso do selim, para o pedivela e o guidão, já que é para frente que você vai aliviar o peso da traseira. Uma forma de treino é em subidas pedalar de pé, jogando o corpo para frente e para trás, até que sinta essa transferência. Para trás é mais perceptível o alívio do peso, pois você estará puxando o guidão, para frente já existe o peso do corpo dificultando. Treine esse movimento.
No exato momento da subida da roda de trás na guia você deve executar o passo anterior com uma ênfase: apoiar e deslocar o peso do corpo encima do guidão empurrando os pedais para trás e praticamente ‘pulando’ sobre os pedais.

TUTORIAL
1- Descobrir o ponto exato da puxada;
2- Puxar o guidão, flexionar os cotovelos e jogar o corpo para frente após a subida;
3- Em ato contínuo, apoiar o peso do corpo no guidão e ‘pular’ para frente.

DICAS
1- O momento da puxada geralmente é depois do que se imagina;
2- Após a puxada com a impulsão do corpo para trás, flexione os cotovelos e jogue o corpo para a ‘frente’, parece que é para trás não? Na verdade é para frente mesmo, puxe, dobre os braços e jogue o corpo para frente, assim você já está aliviando a recepção, flexione os braços e aproxime o peito ao guidão;
3- Outro ponto de ajuda é o toque no pedal que consiste em posicionar o pedivela com seu pé diretor (pé que dá a primeira pedalada ao iniciar o deslocamento), por hábito este pé tem mais força, ele deve ficar na posição de potência que é dos 40 aos 60°. No asfalto e em linha reta, posicione o pedal e force uma vez só, retornando o pedal para trás e forçando de novo, repita várias vezes. Force e volte, force e volte, force e volte;
4- Ficar de pé para subir a roda de trás é importante;
5- Bata a roda da Bike várias e várias vezes, insista nesse passo, ele é quem vai regular a sua percepção e o ‘tempo’ mencionado acima;
6- Se ficar com dó da sua Bike, alugue uma no parque para a prática e ainda ganhe um passeio.

25 de set. de 2008

Disposição

Vamos falar sobre a DISPOSIÇÃO.


A DISPOSIÇÃO é um fantasma que assombra muitos dos que iniciam no esporte, e que hoje são proprietários verdadeiros móveis no meio da sala, bike cujo proprietário escolheu, descobriu várias peças e marcas, correu no mínimo duas lojas para fazer os cheques e pronto! Está lá jogada numa garagem ‘mofando’.

Para pedalar no domingo não é fácil perder a balada do sábado, nem ir dormir às 8hs, alem disso às 5:00hs está nublado e quase chovendo... Nos pedais noturnos, são cinco e meia/seis da tarde, o frio de meio-inverno, não choveu e nem vai, é hora de decidir! Bóra! Não tem jeito, melhor assumir logo o pedal.

O ‘pedalar’ é um exercício que depende muito da sua DISPOSIÇÃO. Se você não estiver ‘pilhado’ vai ficar difícil conseguir superar todos os obstáculos psicológicos que o impedem de sair com a cara e a coragem no meio dos bólidos apressados. Não é como botar um tênis e sair perto do bairro para correr ou caminhar, pedalar é mais que isso (não desmerecendo os praticantes de corridas e caminhadas), existe entre o ‘pedalar’ e a ‘vontade de pedalar’ a nossa grande amiga Bike, equipamento mecânico sujeito ao desgaste e quebras, assim cuide dela com manutenções periódicas, lubrificações e lavagens se precisar.

Quando começamos pedalar ou buscamos um ritmo de passeios semanais, mensais na pior das hipóteses é que vem o problema, pois a pouca DISPOSIÇÃO acaba por completo quando um(a) amigo(a) convida para sair, daí já viu o pedal do mês foi pro brejo, mais um mês pra bike ser usada. Lembre-se dos nadadores, que acordam o ano todo às 5:00 e treinam em piscinas frias. Brrrrr.

É uma luta mesmo, em todos os esportes existe essa resistência do corpo. Depende realmente da nossa cabeça.

Considerando um pedal por semana vão aqui algumas dicas para evitar a preguiça:

1- Lembre-se do último pedal: vivencie os momentos de pedais passados, as amizades, as risadas, etc.;
2- Informe-se sobre bike: entre em sites, blogs, listas, viva a Bike;
3- Na academia você gastaria muito mais: comprar uma luva nova, consertar o capacete, fazer uma gambiarra na luzinha, tudo isso ANIMA e foca;
4- Negue qualquer convite para o dia da semana do pedal (dica importantíssima);
5- Para quem pedala a noite: ao entardecer o corpo reduz o ritmo do metabolismo nas atividades, até mesmo as cerebrais. O ideal é fazer um lanche, esperar chegar as 20:00hs, daí o ânimo volta e a preguiça vai embora, é essa hora de sair, preste atenção nisso.
6- O corpo é preguiçoso: o comprometimento faz com que o corpo reaja a gripes e resfriados à toa, além de você ficar mais resistente, ele percebe que não pode parar. Ordene isso à ele!
7- Se você acorda cedo: antes das 5:00hs, o ideal é pedalar até no máximo 16 horas que acordou, daí então só pedale até as 21:00hs, não exceda esse limite nem qualquer outro em detrimento da segurança.
8- Pedale em grupo: é mais seguro e o fato de ir para a saída com algum grupo já te dá maior ÂNIMO para o pedal.
9- Trabalhe um pouco menos, desvencilhe-se do computador, são de duas a quatro horas o tempo para si, para a sua saúde.
10- É impressionante como esquenta pedalar, pode sair com pouca blusa que rapidinho você estará querendo tirar tudo.

De resto é só curtir esse mundo que é o Pedal!
Alemão

8 de set. de 2008

Policiamento da Atenção

Já com o tópico Policiamento da Traseira aqui no Blog desta vez a análise é sobre o Policiamento da Atenção.

Para quem pedala só, esse tók é apenas uma lembrança, pois o nível de atenção quando se pedala solo é infinitamente maior devido ao fato de que a única coisa que você efetivamente está fazendo é a pilotagem da Bike, mas para pedais com duas ou mais pessoas o Policiamento da Atenção pode ser um diferencial importantíssimo para o seu retorno são e salvo.

Se no pedal competitivo a tônica é: ‘nunca’ olhar para trás ou ‘nunca’ tirar uma das mãos (se fizer faça rápido e com domínio absoluto), já no pedal Amazing/Curtição, (prática que envolve cicloviagens e trilhas sem responsabilidade de desempenho), a busca é pela liberdade dos movimentos, entretendo-se, espairando o stress do cotidiano e vislumbrando visuais. As atitudes que devem ser tomadas sobre a Bike (dentro das habilidades de cada um é claro) devem ser com a responsabilidade do ‘erro 0’ que é evitar colisões e quedas. Por um único segundo um erro pode transformar o ‘barato’ de pedalar, e até mesmo a possibilidade de fazê-lo em uma atividade que logo se interrompa e acabe rapidamente com seu projeto de perder a pança ou sair da inatividade.

Curtir o pedal é, além de exercício, uma terapia sem igual, no seu decorrer, falam-se assuntos que vão desde tipos e detalhes profundamente esboçados com dicas e truques sobre peças, até a literal troca de receita de bolo, muito concorrida entre as mulheres. Essa conversa pode e deve rolar, mas no momento certo, sem prejudicar a atenção, e principalmente na velocidade adequada para o ‘chão’ daquele momento.

Falemos sobre Dissociar os movimentos.
Ajeitar o capacete, tomar um gel, tomar água da garrafinha, coçar o rosto, ou em nível avançado, bater uma foto ou comer uma fruta, talvez seja a primeira manobra/ traquinagem que arriscamos ao ingressar no mundo do pedal, que resumindo é: tirar uma das mãos pedalando consciente.

Vamos entender as condições necessárias para tal feito:
- Mão do freio: Utilizar para esses momentos somente a mão do freio da frente, pois assim no ‘susto’, você não corre o perigo de frear com o freio da frente.
Nosso amigos, para caprichar na foto
automaticamente tiraram a mão errada,
no susto acionarão o freio da frente.

- Chão momentâneo x Velocidade momentânea: Respeitar as dificuldades do chão exatamente no momento da ação, em caso de chão ruim ou descida, é aconselhável adiar fazê-lo ou parar de vez.

Voltemos à Dissociação, ela facilita a percepção e permite que você automatize os movimentos sem perder a direção, é o treino do baterista que desenvolve a coordenação suficiente para diferenciar os movimentos das mãos e dos pés sem perder o ritmo e a música. Aquelas brincadeiras de girar o braço para um lado e o outro para o outro, existem várias brincadeiras dessas, só temos que adaptá-las para o nosso andar de Bike.

Você deve manter em primeiríssimo plano o Estado de Atenção que é aquele momento onde todos os seus sentidos estão direcionados para a pilotagem, a posição no guidão e nos pedais é firme, olhar para frente e boca fechada, essa é a posição básica onde você deve focar sua atenção, a partir daí, (com essa posição dominada) você pode arriscar umas olhadas ou distrair-se com outra coisa que não seja a condução da magrela, qualquer distração você deve rapidamente retornar a este Estado de Atenção e em níveis avançados de Dissociação, nunca perdê-lo.

A Distração se apropria desse processo, identifique o momento da distração (esse já é um grande passo!) repare se a distração foi em um momento importante do pedal, treine refazendo a cena do momento da distração, pense no que te distraiu, force essa ação até que sua negação fique Espontânea, assim melhora subliminarmente o seu foco no pilotar, abstraindo-se lentamente e separando automaticamente as ações. Lembre-se:

“O estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido atua no sentido de alcançar o efeito desejado”. (Ditado de MATUZALÉM)

Perceba sempre o que passa ao seu redor, reduza esses Momentos de Distração, se estiver conversando ou olhando muito para a paisagem, identifique esse momento! Abandone a conversa no meio! Interrompa! Se vier um obstáculo, pare tudo e... Estado de Atenção! Volte ao papo após liberar ou melhorar o caminho, pois faz parte curtir, integrar e olhar ao redor.

Esta é uma dica que se você já pratica, aprimore-a sempre, se você pensou nela agora, dedique seu próximo pedal praticando, talvez o resultado dessa ação nunca seja percebido efetivamente por você, mas uma coisa eu garanto sua atenção será mais respeitada.

Alemão
29/07/2008